Representatividade política dá o tom do ato solene da 29ª ExpoBento e 16ª Fenavinh

Impressionante pela representatividade política, o ato solene da 29ª ExpoBento e da 16ª Festa Nacional do Vinho, na sexta-feira, 14, entrou para a história de Bento Gonçalves. Junto ao retorno da Fenavinho ao calendário de eventos, a cidade voltou a ser prestigiada pelo poder central do país após quase quatro décadas.

A presença no município do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, acabou com período de 39 anos de espera – a última vez que um presidente havia estado em Bento Gonçalves também foi numa Fenavinho, a de 1980, com João Figueiredo. Além de Mourão, estiveram na cerimônia, no Pavilhão E do Parque de Eventos, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; o Representante do Senado, Senador Luis Carlos Heinze; o representante da câmara dos Deputados Federais, Deputado Federal Jerônimo Goergen; o Representante da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado estadual Vilmar Zanchin, reforçando o quórum de 15 deputados presentes e mais de 20 prefeitos que acompanharam o ato, além de representantes de entidades setoriais de toda a região. A plateia chegou ao número de 400 pessoas.

A presença de um grande número de autoridades expressa o reconhecimento e o prestígio da Fenavinho, mesmo após um período de oito anos sem ser realizada. Em seu discurso, o vice-presidente elogiou a força do povo de Bento Gonçalves na construção do desenvolvimento da cidade. "O Brasil é muito grande, a cidade de Bento Gonçalves é o grande Brasil, o Brasil que trabalha, que produz, que não tem medo de dar a cara a tapa, que levanta cedo e dorme tarde", disse Mourão.

 Essas características foram apontadas como vitais para a retomada da Fenavinho pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), também promotor da ExpoBento. Foi a festa que outorgou à cidade o título de Capital Brasileira do Vinho, deu origem ao Parque de Eventos e às feiras no município e a projetou nacionalmente. "Assumimos esse desafio com coragem. Foram muitas e incontáveis horas de trabalho", relembrou o presidente da entidade, Elton Paulo Gialdi.

Para ele, esse trabalho garantirá a sustentabilidade e o futuro da maior e mais querida festa do município. "Trabalhamos coletivamente para o seu retorno. E essa retomada foi de tal forma construída para que nunca mais se perca a continuidade dessa importante Festa. Hoje é dia de comemorar essa conquista. O resultado está aqui, concretizado: a 16ª Fenavinho é realidade. Estamos plantando uma boa semente de uma arvore que já foi majestosa, esplendorosa. Se agora cuidamos e regamos, certamente ela produzirá bons frutos. Temos a convicção que, dentro de alguns anos, com os cuidados adequados, a Fenavinho será uma das principais festas do Brasil", enalteceu Gialdi.

O governador do Estado, Eduardo Leite, fez o grande anúncio do encontro ao comunicar o fim da substituição tributária para o setor vitivinícola – assim as empresas não precisarão antecipar o ICMS de forma antecipada – utilizou a ExpoBento como analogia para a política de privatização que está adotando no Estado. A ExpoBento começou pelas mãos do poder público e depois migrou para a iniciativa privada – leia-se CIC-BG. "Poderíamos dizer que houve uma privatização da feira", comentou o governador. "É um bom exemplo para dizer que privatização não significa tirar do povo, ao contrário. Ela ganhou agilidade, organização. Estar na mão do privado garante sucesso sem afastar a participação do poder público", comparou.

A dobradinha entre festa e feira, ocorrida pela segunda vez em 19 anos, foi lembrada pelo diretor geral da ExpoBento, Rogério Capoani, após falar da força da feira que dirige neste ano, responsável por 2,5 mil empregos diretos e indiretos, 470 expositores e R$ 40 milhões em negócios. "Vou me restringir em falar muito dos números da ExpoBento e enaltecer a sua mais bela vocação, que é a de gerar satisfação integral para todos os envolvidos e a todo o público visitante. E é também por este motivo que nesta edição teremos o retorno da Fenavinho", disse.

Responsável pelo comitê da Fenavinho, Diego Bertolini, enalteceu a festa como um dos maiores patrimônios culturais da região, ao lembrar a reinauguração do vinho encanado no Centro. "Foi uma verdadeira celebração que resgata e transmite o DNA da nossa gente. Com muito orgulho, teremos na Fenavinho mais de 20 vinícolas e 40 agroindústrias familiares, mostrando que o vinho e o suco de uva brasileiros atingiram um patamar qualitativo mundial", disse.

Sua fala foi marcada, também, pelo chamamento à Imperatriz do Vinho, Bárbara Bortolini, e às Dama de Honra, Ana Paula Pastorello e Sandi Marina Corso para um breve pronunciamento no qual destacaram o vinho de Bento. "Tem sido muito gratificante divulgar um pouco da qualidade do nosso vinho. Temos que valorizá-lo muito, porque tem muito suor, trabalho e amor envolvido em sua elaboração", comentou Bárbara.

O prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, destacou a grandiosidade da ExpoBento para além de seus números, enaltecendo o que ela representa. "Muito nos envaidece ela ser a maior feira multissetorial do país, mas mais do que isso, ela é nossa maior vitrine. Passear por esses corredores é realmente entender o que somos", disse Pasin. E comparou as soberanas da Fenavinho com a cara de uma região próspera. "É a cara de Bento, é a cara de um Brasil e de uma região que funciona. Que tem seus problemas sim, mas nossa vontade de superar as nossas adversidades é infinitamente maior do que qualquer problema. Talvez por isso aqui não existe o bom, nós queremos o ótimo, não existe o possível, nós perseguimos o ideal. E hoje estamos aqui para aplaudir o ideal".

Reivindicações e pauta política também entram nos discursos

A presença maciça de autoridades, como o vice-presidente, Hamilton Mourão, o governador Eduardo Leite, um senador e 15 deputados, entre federais e estaduais, transformou a solenidade de abertura da ExpoBento e da Fenavinho também em palco de reivindicações e de apoio à reforma da previdência.

O presidente do CIC-BG, Elton Paulo Gialdi, lembrou da presença de outros presidentes na Fenavinho para solicitar melhoria de infraestrutura nas rodovias. "A situação das nossas rodovias é calamitosa. Há mais de 40 anos as nossas rodovias não recebem investimento em melhorias, em duplicação. Hoje, o resgate da Fenavinho traz novamente para Bento Gonçalves a ilustre presença de um vice-presidente da República. Quem sabe nos trará, também, a tão sonhada duplicação de rodovias", comentou.

Diego Bertolini, responsável pelo Comitê da Fenavinho, pediu a atenção de Mourão quanto ao acordo entre Mercosul e União Europeia, fator de grande preocupação para o setor. Para Bertolini, isso coloca em risco a sustentabilidade da indústria vinícola, que gera emprego e renda para mais de 200 mil pessoas apenas no Rio Grande do Sul, além de manter mais de 20 mil famílias no campo. "Entendemos que qualquer forma de degravação às importações acarretará em perdas insustentáveis para a indústria vinícola brasileira, pondo em risco sua sobrevivência", avaliou.

A reforma da previdência foi outro ponto apoiado pelos oradores do dia. O governador Eduardo Leite disse que é preciso fazer a reforma por completo. "Só no Rio Grande do Sul o déficit é de R$ 12 bilhões", comentou. Para o vice-presidente, Hamilton Mourão, o sistema previdenciário atual se esgotou. "Do jeito que está, os jovens vão trabalhar do dia que nascem até ir ao túmulo", falou.

Agende-se

O quê: 29ª ExpoBento e 16ª Fenavinho

Quando: até 23 de junho

Onde: Parque de Eventos (Alameda Fenavinho, 481), em Bento Gonçalves

Valores e horários: de segunda a sexta, das 18h às 22h30min (R$ 5); sábados e feriados, das 10h às 22h30min (R$ 12); e domingo, das 10h às 21h (R$ 12). O ingresso dá acesso a todos os shows